terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Morte de taxista provoca revolta e protesto em Maceió

Colegas de José Romildo 'fecham' a Praça do Centenário, no Farol, exigindo ações da polícia


Trânsito ficou congestionado com protesto da categoria (Fotos: Dulce Melo)

O trânsito na Avenida Fernandes Lima, nas proximidades da Praça do Centenário, ficou totalmente congestionado por mais de uma hora devido a um protesto realizado por quase 100 taxistas e dezenas de motociclistas. O motivo da manifestação foi a morte do taxista José Romildo dos Santos, 35 anos, conhecido como 'Simpson', assassinado a tiros na noite desse domingo (05), na Rua São Francisco, no Alto da Boa Vista, em Guaxuma. Ele teria sido vítima de latrocínio por falsos passageiros. Os manifestantes se concentraram em frente à Farmácia Permanente, onde a vítima trabalhava. Após negociação com o secretário-adjunto de Defesa Social, delegado Washington Luís, que prometeu receber a categoria nesta terça-feira (07), às 14h, a pista foi liberada.

Veja matéria do Bom Dia Alagoas desta terça-feira (07)

Carreata no Trapiche


 
Colegas de taxista conduzem caixão até o carro funerário (Foto: Dulce Melo)

Os colegas de Romildo também realizaram uma carreata pelas principais ruas do Trapiche da Barra, acompanhando o caixão, em direção ao cemitério de São José, onde a vítima foi sepultada. A esposa e a filha do taxista passaram mal e precisam ser socorridas.

“Eu quero o meu pai, eu quero o meu pai”, gritava a adolescente filha de José Romildo que, após ver o corpo do pai deixar a central de velórios, na Praça da Faculdade, passou mal e precisou ser levada para uma unidade de saúde. A mãe, Maria Cícera dos Santos, também não se sentiu bem e foi encaminhada para atendimento médico juntamente com a jovem.


 
Corpo de Romildo sai sob aplausos (Foto: Dulce Melo)

E, no momento em que o corpo do taxista era transportado da capela da central para o carro que fez o traslado, os familiares e amigos pediram uma salva de palmas para aquele que era considerado um ‘exemplo de pai e colega de trabalho’. Mais uma vez, a comoção tomou conta das pessoas que foram prestar a última homenagem ao trabalhador que morreu durante o exercício da sua profissão. “Ele era um ótimo pai para os dois filhos, vivia falando neles. Era um trabalhador, amigo, companheiro, uma pessoa de boa índole, vivia sorridente, nunca teve problemas com ninguém”- disse José Antônio da Silva, que trabalhava no mesmo ponto de táxi de José Romildo, em frente ao quartel do Exército, ao lado do Alerta Médico, no bairro do Farol.


 
Durante o cortejo, amigos exibiram faixa de despedida (Foto: Dulce Melo)

Após o velório, o cortejo saiu em direção ao cemitério de São José, no Trapiche. Cerca de 100 carros e dezenas de motos acompanharam o cortejo. Todos buzinaram intensamente, como forma de protesto. “Não vamos silenciar”, garantiu Edivaldo Freire.


 
Romildo é sepultado sob discursos e choro (Foto: Dulce Melo)

José Romildo dos Santos deixou esposa e dois filhos, uma adolescente de 14 anos e um garoto de 9.

O protesto

A Real Táxi, empresa da qual fazia parte José Romildo, mobilizou taxistas das demais empresas do ramo e outros profissionais autônomos para que todos participassem da carreata. “Nós não queríamos atrapalhar o trânsito e nem impedir o direito de ir e vir das pessoas. Apenas nos mobilizamos contra a violência da qual está sendo vítima a nossa categoria. Estamos revoltados com a falta de segurança. Foram dois colegas assassinados em menos de uma semana”, disse Edivaldo Freire.

O assassinato

A confirmação do óbito de José Romildo foi feita pela Polícia Militar por volta das 21h da noite deste domingo (05). O empresário Manoel de Freitas Silva, proprietário da empresa Real Táxi, contou que a vítima teria pego os assassinos no bairro de Bebedouro no veículo Corsa Classic, de placa NMG-1706/AL. Ao entrarem no carro, os homens teriam perguntado quanto ele cobraria para levá-los até Guaxuma. "O Romildo fez contato com a central para saber quanto custaria a corrida e avisou que estava levando passageiros até Guaxuma. Infelizmente ele não suspeitou de assalto, porque quando isso acontece imediatamente o taxista, por meio de código, pede para ser seguido e isso não ocorreu", afirmou o empresário.

Ainda segundo Manoel de Freitas, aproximadamente uma hora após ter feito contato com a Real Táxi, a Polícia Militar ligou para a empresa e informou que um taxista teria sido baleado em Guaxuma. O alerta foi repassado aos demais colegas que, em instantes, aglomeraram-se no local do crime.

Até a tarde de hoje, as polícias não localizaram nenhum suspeito e afirmaram não ter conseguido identificar nenhum popular que vira o assassinato. Todavia, os primeiros taxistas que chegaram à Rua São Francisco disseram ter conversado, discretamente, com algumas supostas testemunhas do homicídio. Elas teriam dito que a vítima tentou fugir dos bandidos e se ajoelhou, pedindo para não ser morta. A princípio, a dedução é que Romildo foi atingido com um tiro, possivelmente pelas costas.

Só este ano, sete taxistas foram assassinados enquanto trabalhavam.

06.12.2010
15h51

Atualizada às 19h45

Fonte:

Gazetaweb - Janaina Ribeiro e Dulce Melo



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