sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Taxista: "Maior defeito do trânsito é o povo"

Antônio Salgueiro, taxista: "Não sou melhor que ninguém"

Há 25 anos dirigindo pelas ruas da capital alagoana, o taxista

Antoniel Salgueiro já passou por situações complicadas. A experiência adquirida dá bagagem suficiente para que o taxista defina o trânsito de Maceió, de forma enfática, como “triste, péssimo”. Parado em um ponto de táxi, no bairro do Farol, o taxista falou ao Gazetaweb.com o que o levou a essa conclusão. Salgueiro não dispensou críticas a ninguém. Ele reconhece: “O trânsito depende muito mais do jeito que a gente dirige, do que das ruas que a gente anda. A gente sabe que tem buracos, tem má sinalização, mas o pior de todos os defeitos, no trânsito, é o povo”, avalia, fazendo uma autocrítica.

Antoniel desmembra sua análise: “Para começar, aqui tem muitos semáforos. Mas o problema maior não é nem esse: são os ciclistas que sempre andam em contramão. Há também os motoqueiros que ficam batendo no retrovisor dos carros”. O taxista dirige um veículo Prisma, com potência para correr até 200km/h, embora a velocidade máxima que se possa atingir em estradas federais brasileiras seja de 110km/h. “Não tenho este carro por gostar de velocidade. É mais por gostar dessa marca”. O taxista assegura jamais ter andado em velocidade maior do que a permitida, mas admite ter cometido outras irregularidades. “Aconteceu. Não sou melhor do que ninguém”, reconhece.

Entre as leis infringidas, ele comenta que já entrou em contramão e já parou em locais proibidos, mesmo sabendo que atrapalharia o trânsito. “Algumas vezes, precisamos parar no local em que o passageiro está ou quer que a gente pare. Eu sei que atrapalha, mas é preciso”, justifica. Antoniel garante que não comete qualquer outra infração, como dirigir alcoolizado. “Eu sou alcoólatra, não posso nem chegar perto de uma cervejinha. Mas também tenho outros motivos para não dirigir embriagado.”

Antoniel Salgueiro contou que, há treze anos, sofreu um acidente grave. Às três horas da manhã, ele dirigia em uma via de duas mãos, no sentido Tabuleiro-Centro, quando um carro com três adolescentes ultrapassou pela contramão, no momento em que o veículo de Salgueiro transitava. A batida frontal foi inevitável e Antoniel desmaiou no mesmo instante. “Não me lembro de muita coisa. Só que uns colegas taxistas estavam por perto e me tiraram do carro, minutos antes dele pegar fogo”, relata. “Ficou tudo destruído, não sobrou nada”.

Apesar de não ter sido culpado, o taxista contou que aprendeu boas lições com este episódio. “Imagine, dirigindo alcoolizado, andando em velocidade alta e ainda por cima cruzando a via na contramão. Se eu tivesse correndo também, não tinha saído vivo dessa, não”, refletiu. Hoje, ele sabe que uma boa conduta ao guiar pode melhorar o trânsito da cidade em que vive. Na história de Antoniel, observa-se que alguns aprendizados podem ser absorvidos na iminência de uma tragédia. Ele mesmo diz: “Não sou melhor do que ninguém”. Mas depois do acontecido, ficou melhor do que era antes.

31 de janeiro de 2008
Fonte: GazetaWeb.com


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